Supremo decidiu que imposto incide sobre a
assinatura, e Estado se prepara para cobrar
O
consumidor pode preparar o bolso para 2017. É que as contas de telefone vão
subir, dependendo da operadora contratada. O motivo é uma decisão do Supremo
Tribunal Federal, que concluiu que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) incide sobre a assinatura básica mensal de telefonia – questão
sobre a qual havia questionamentos na Justiça. Algumas operadoras recolhiam o
ICMS, outras não.
Com
isso, a Oi – que tem 45,7 milhões de clientes na telefonia celular e 14,5
milhões na fixa, segundo a consultoria Teleco – já informou que os valores dos
planos e ofertas de parte dos seus clientes serão ajustados nas contas com
vencimento a partir de 1º de fevereiro. Por enquanto, ela é a única a confirmar
reajustes. O ICMS sobre o setor em Minas Gerais é de 27%.
O
presidente da Teleco, Eduardo Tude, confirma que, com a decisão do Supremo, a
possibilidade de as contas ficarem mais caras é grande. “O ICMS é pago pelos
usuários; as empresas só repassam para os governos estaduais”, observa.
A
Secretaria da Fazenda de Minas Gerais esclarece que algumas operadoras já
tributavam essas parcelas, e que outras apenas recentemente deixaram de
tributar, sob a alegação de que esse serviço não era alcançado pelo ICMS, por
não se tratar de prestação de serviço de comunicação – questão que foi definida
pelo Supremo. A Fazenda não soube informar, ontem, quais empresas estavam ou
não recolhendo ICMS em Minas Gerais. Esse levantamento, segundo a secretaria,
ainda está sendo feito.
A
Claro, porém, se adiantou e informou que já recolhe integralmente o ICMS sobre
todos os serviços de telecomunicações. “Portanto, os planos ou pacotes de seus
clientes não sofrerão nenhuma alteração nos preços em razão da decisão do STF”,
diz a empresa, em nota enviada à reportagem.
Já a Nextel ressalta, em nota,
que “os aumentos já previstos para o ano de 2017 são aqueles relacionados ao
reajuste anual” com base no IGP-M, e que todos os clientes são avisados com
antecedência sobre qualquer reajuste.
A
conta da Vivo já vem com a alíquota de 27% de ICMS. Mesmo assim, a empresa e a
Tim preferiram não comentar, deixando que a entidade que representa as teles
fale por elas. O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços
Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) ressaltou que as prestadoras vão
cumprir a decisão da Justiça e dos governos estaduais, que definem as alíquotas
a serem aplicadas, e que cada empresa está seguindo “uma agenda adequada” para
informar aos clientes sobre a incidência de ICMS.
Conforme
o SindiTelebrasil, em 2015 foram recolhidos aos cofres estaduais R$ 34 bilhões
de ICMS sobre serviços de telecomunicações.
Justiça
A
decisão do STF foi tomada em outubro, no julgamento do Recurso Extraordinário
(RE) 912888, com repercussão geral reconhecida, ou seja, vale para todos os
casos semelhantes. No recurso, o Estado do Rio Grande do Sul questionava
acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-RS) favorável à Oi. A empresa sustentava
que a assinatura mensal é atividade-meio para a prestação do serviço de
telefonia, e não o próprio serviço, sendo, portanto, imune à tributação. O
ministro Teori Zavascki concluiu que a assinatura básica é, sim, prestação de
serviço, e deve sofrer a incidência do ICMS.
A
Secretaria de Estado da Fazenda informou que nunca deixou de cobrar o imposto
das empresas do setor. O que aconteceu é que algumas deixaram de recolher, com
base nesse questionamento. O Fisco estadual cobrou, e discussões judiciais
vinham sendo travadas. A decisão do Supremo não inclui prazo para que as
empresas comecem a recolher ICMS,, o que elas podem fazer espontaneamente.
“Para os casos em que a parcela não tenha sido tributada, o Estado promoverá os
processos de cobrança previstos em lei”, diz a Fazenda.
IMPOSTOS
Operadoras
querem que isenção fique
As
operadoras de telefonia tentam convencer a Fazenda a não pôr fim a isenções
fiscais que hoje permitem levar a internet para áreas não rentáveis. Nas
próximas semanas, apresentarão um estudo mostrando que, desde 2012, quando o
programa conhecido como REPNBL foi criado, o governo abriu mão de cerca de R$ 3
bilhões em IPI, PIS e Cofins. Uma das teles levou o serviço a 142 cidades,
gerando arrecadação anual de R$ 2,8 bilhões em impostos (PIS, Cofins, IR e
ICMS) e contribuições setoriais.
As
teles não querem que o REPNBL entre na lista de corte de desonerações hoje sob
revisão. O estudo foi elaborado pelo professor Arthur Barrionuevo, da Fundação
Getulio Vargas, e mostra que, uma vez concedida a isenção, o governo recupera a
perda com IPI, PIS e Cofins em dez meses (depois de construída a
infraestrutura) e amplia a arrecadação dos Estados.
LEI GERAL DAS TELECOMUNICAÇÕES
Supremo
questiona trâmite acelerado
A
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, pediu ao Senado que
explique a tramitação do projeto que altera a Lei Geral de Telecomunicações,
aprovado na Casa. A advogada-geral da União, ministra Grace Maria Fernandes
Mendonça, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foram oficiados,
e têm até a primeira semana de janeiro para responder.
Em
mensagem em uma rede social, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM) destacou
que a decisão da ministra atendeu a pedido feito por ela e outros senadores
para suspender a tramitação do projeto, que também foi questionado por 31
organizações de defesa dos direitos do consumidor <FI10>(veja detalhes no
infográfico abaixo).
A
matéria foi aprovada no dia 6 de dezembro na Comissão Especial do
Desenvolvimento Nacional do Senado, e iria direto para sanção presidencial. De
acordo com Vanessa Grazziotin, o texto deveria tramitar em pelo menos três
comissões e passar por votação no plenário.
JULIANA GONTIJO – Jornal o Tempo
Fonte: http://www.otempo.com.br/capa/economia/contas-de-telefone-celular-e-fixo-v%C3%A3o-subir-no-ano-que-vem-1.1416625
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