O clima ficou tenso no presídio de Pouso Alegre (MG) nesta sexta-feira (27). Detentos enviaram áudios e vídeos para as famílias informando que um tumulto poderia começar a qualquer momento na unidade. Nas gravações, eles reclamam da falta de água e de comida, da sujeira e de superlotação.
A preocupação começou quando o parente de um detento recebeu uma gravação feita com um celular de dentro de uma das celas. No áudio, o homem dizia: “A cadeia vai virar. Vai quebrar a cadeia. Não é brincadeira. Os agentes aqui, ó, desde ontem nós [estamos] com fome aqui, com tudo aqui e os agentes estão oprimindo nós aqui”.
Pelo celular, a equipe de reportagem da EPTV Sul de Minas, conseguiu contato com um dos presos que se identificou somente por "João". Por telefone, ele contou como estava a situação dentro do presídio.
“Maior descaso com a gente aqui, presos no direito de ir embora. Estamos dormindo em 24 pessoas dentro de uma cela, um amontoado em cima do outro, caindo dentro do boi. A casa não paga higiene para todo mundo. Opressão na visita”, disse o detento.
Ele disse ainda que alguns dias atrás outro detento ficou cego ao ser baleado com balas de borracha. “Direto aqui eles chegam, eles não querem saber onde vai pegar o tiro de borracha. Tiro de borracha cega. Eles chegam, pedem procedimentos, se você levantar, mexeu, é gás de pimenta e tiro, entendeu?", contou "João".
A equipe de reportagem também teve acesso aos vídeos feitos de dentro da unidade. Nas imagens eles alegam superlotação, reclamam das condições nas celas, mostram sujeira em um dos corredores. O vídeo também mostra o banheiro que, segundo eles, está sem água. Os detentos também alegaram que a algumas celas estão sem energia elétrica.
Em pouco tempo, a notícia se espalhou e vários familiares foram para a porta do presídio em busca de informações. Alguns disseram ter ouvido barulho de bombas e tiros.
“A gente chegou de manhã e estava tudo tranquilo. Passou um pouco, começamos a ouvir dar tiro e soltar bomba. Todo mundo que estava aqui fora, um monte de gente, ouviu um monte de tiros lá dentro, uma série de tiros uma atrás da outra e, acho que, umas duas ou três bombas”, disse a diarista Jessônia de Paula, que é mãe de um dos detentos.
“Eu não sei de nada do que está acontecendo lá dentro. Eu estou desesperada”, contou a microempresária Cassilda Aparecida da Rosa, mãe de outro detento.
Ainda no início desta tarde, diretores do presídio tentaram tranquilizar os familiares. Eles disseram que a situação está sob controle e que não aconteceu nenhum problema na unidade.
Em nota, a assessoria da Secretaria de Estado Administração Prisional (SEDS) informou que nesta sexta-feira foi realizada apenas uma revista de rotina no presídio de Pouso Alegre e que esse é um procedimento padrão. A secretaria informou ainda que não houve nenhum tumulto nem rebelião e que vai investigar as gravações feitas pelos detentos. Além disso, informou que não recebeu nenhuma denúncia sobre feridos.
FONTE:http://g1.globo.com/
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